quinta-feira, 30 de julho de 2015

AUMENTO DA SELIC BATE RECORD

Juro sobe para 14,25%, maior taxa desde 2006


 O Copom, na reunião de ontem, aumentou a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual. A Selic passou de 13,75% para 14,25% ao ano.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros (Selic) da economia pela sétima vez consecutiva. As previsões do mercado se confirmaram e a taxa passou de 13,75% para até 14,25% ao ano, a maior desde agosto de 2006 (14,75% ao ano). Dólar alto e preços administrados pressionando a inflação contribuíram para a decisão.


O professor e coordenador da Comissão de Política Econômica do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal, José Luiz Pagnussat, afirma que o BC só tem esse instrumento para conter a inflação. Explica que com a alta dos juros o consumo tende a cair, o crédito fica mais caro e a demanda cai, gerando maior oferta e fazendo os preços cair. Ele diz que o dólar alto também está pressionando a inflação, por isso novas altas de juros poderão ocorrer. “Tudo vai depender do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de julho e agosto”, diz o professor.
O presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Allisson Martins, avalia que a estratégia de combate a inflação, via elevação da taxa de juros, não vem surtindo os efeitos desejados, haja vista que o índice continua persistente, mesmo com a taxa Selic ascendente nos últimos meses. “A inflação observada é sobretudo em razão da elevação dos preços administrados, a exemplo da energia elétrica e combustíveis”.

O economista e consultor Henrique Marinho avalia que a taxa Selic é o mais importante instrumento de política monetária para controle da inflação. “Nesse momento de incertezas econômicas, a pressão a ser exercida pelo BC é maior”.

Marinho concorda que a elevação da taxa provocará mais recessão, mas destaca que a missão do BC é controlar a inflação. Ele lembra que, nesse momento, a revisão da meta fiscal deixará a missão de controle inflacionário ainda mais difícil para a autoridade monetária.

Na análise do mestre em Economia Gregório Matias, em períodos de inflação alta, como agora, os juros são elevados a fim de reduzir a demanda e, com isso, reduzir a inflação. Considera que hoje o Brasil não tem uma inflação de demanda, mas uma inflação ocasionada por aumento de preços administrados e impostos, que estavam sendo contidos nos últimos anos. “Como o governo, e falo isso acerca dos três poderes, mostra-se incapaz de controlar seus gastos, cobra a conta de quem produz”.
O diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, lembra que a subida da Selic também serviria para atrair investidores, fazendo com que mais dólares entrem no País e fazendo a cotação da moeda cair – o que alivia a inflação.


O impacto da Selic 

no seu bolso



 Para entendermos melhor, vamos checar como surgiu o atual modelo monetário. 


    Algumas mudanças ocorreram em 1999, cinco anos após a chegada do Plano Real, a mais importante delas, foi a adoção da nossa política monetária atual, a política de metas para a inflação. 

              Neste modelo monetário, que é também adotado em outras grandes economias do mundo, define-se uma meta para a inflação oficial de um país e tenta-se alcançá-la durante os exercícios anuais. Para tal, cada economia utiliza um determinado índice de preços para essa medida, os chamados índices de inflação.

           No Brasil, foi instituído o IPCA como índice oficial. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi criado também em 1999 para atender a política de metas e se constituiu como um índice de varejo, calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mensalmente e divulgado sempre próximo ao dia 10 de cada mês subsequente ao mês de apuração.

             O IPCA é uma “cesta de produtos” teórica que reflete o comportamento de preços destes produtos. O comportamento de alta ou de baixa do IPCA é a consequência da média ponderada (com peso diferente para cada produto) do comportamento de preços dos itens individuais do índice.

             A relação do IPCA com a Selic (taxa básica de juros) funciona como uma balança, em que a dosagem da Selic influencia diretamente no comportamento a maior ou a menor do IPCA.

             A leitura da tradicional “da cartilha” do sistema de metas para a inflação é muito simples. O CMN (Conselho Monetário Nacional – Órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional) determina uma meta anual para o IPCA, assim como um teto e um piso (2% abaixo e 2% acima da meta).

             Quando a inflação está abaixo da meta, o Copom (Comitê de Política Monetária – Comitê ligado ao Banco Central do Brasil), em suas reuniões (que acontecem em média a cada 45 dias), reduz a taxa básica de juros, tentando promover um aumento no consumo. Com o consumo em alta, haverá um consequente aumento do IPCA, uma vez que os ofertantes tendem a aumentar os preços e este aumento de preços reflete uma elevação do IPCA.

          Quando a inflação está alta, o Copom tem como indicação subir a taxa Selic, reduzindo a liquidez do mercado e fazendo com que a população consuma menos. Esta redução de consumo faz com que consequentemente os ofertantes reduzam os preços e a redução de preços acaba sendo refletida na cesta do IPCA, fazendo com que o índice caia e devolva seus preços para dentro da meta.

            Neste cenário o investidor de renda fixa, acaba escoando suas aplicações para títulos indexados à inflação (Debentures, Fundos de Inflação, Títulos Públicos NTN-Bs) com a expectativa de melhores rendimentos. De fato, recentemente alguns fundos de renda fixa indexados à inflação (com carteira de títulos públicos e alguns derivativos ligados à inflação), rentabilizaram mais de 20% no acumulado dos últimos 12 meses.

              A paulada veio e a taxa Selic aumentou em 0,75%, com a sinalização de que, até o final do ano, estará próxima dos 15%. A “paulada” foi dada, mas nos investimentos. Elevar a taxa básica de juros, a Selic, é um crime contra o investimento produtivo. A intenção do presidente do Banco Central, de dar uma “paulada” nos juros, significa um tiro de canhão nos investimentos, justamente em um momento que o País precisa investir para que não haja inflação de demanda.

             Mais uma vez, com essa medida, todos os setores serão penalizados, menos um, que é o sistema financeiro. A cada 1% de aumento na taxa Selic o setor financeiro lucra cerca de R$ 12 bilhões a R$ 13 bilhões, com a rolagem da dívida pública. Se o movimento fosse inverso, a economia que o governo faria seria suficiente para realizar a desoneração total dos investimentos. 

           Para se ter uma idéia, apenas a título de exemplo, o Itaú Unibanco, maior banco privado do Brasil, teve alta de 60,5 % no lucro líquido somente no primeiro trimestre, comparado a igual período do ano passado. O lucro do banco foi de R$ 3,2 bilhões em apenas 03 meses. Não somos contra o lucro, mas os números mostram que há algo de errado, pois simultaneamente o setor produtivo convive com uma perda de competitividade sistêmica (custo Brasil, juros altos e câmbio). 

           Enquanto o sistema financeiro bate recorde nos lucros, a indústria de transformação, que gera produtos de valor agregado, tecnologia e empregos que remuneram bem, assiste, sem poder de reação, a queda vertiginosa nas exportações e ao assustador crescimento das importações em substituição à produção nacional. As contas externas estão vulneráveis e, infelizmente, não há ganhos de produtividade, ou medidas paliativas por parte do governo, que possam compensar o desnível atual do câmbio.

        Como resultado de tudo isso temos a redução do setor de produção diretamente relacionada a baixa procura pelos consumidores (nós) em razão dos altos preços e o assalto legalizado em nossas contas correntes, financiamentos, empréstimos e compras parceladas na bodega da esquina que usa máquina de cartão de crédito.

          Nos últimos 15 anos o Brasil ostenta uma triste posição, a de País com a maior taxa básica de juros do mundo. Com isso, o Brasil permaneceu estagnado, deixou de crescer, gerou dívidas públicas gigantescas e criou uma carga tributária insuportável para financiar suas despesas (que não param de crescer) e a dívida interna.

         As obrigações tributárias estão presentes em todas as fases da história da civilização. Especificamente sobre a história de nosso país, destaca-se que no Brasil Colônia era comum que projetos de colonização do território fossem financiados, sendo que o propósito da coroa portuguesa neste sentido era único: de enriquecer e engrandecer a sua Metrópole. O sistema português de cobrança de tributos sustentava- se na prática da “derrama”, ou seja, da cobrança forçada de um imposto atrasado sobre todo e qualquer tipo de produção. 

      Na Colônia não existia um método desenvolvido a fim de estabelecer as quotas de impostos. A regra geral era a cobrança uma quinta parte de tudo que fora produzido (origem da expressão: "quinto dos infernos"), seja na forma de bens ou na forma de ouro, prática comum naquela época. O quantum arrecadado era em parte utilizado para sustentar a Corte Local, sendo que a maior parte dos recursos era levada diretamente para a Corte portuguesa. Fica evidenciado, portanto, que os recursos arrecadados não eram utilizados em benefício das populações locais.

           O Brasil dos brasileiros voltou a ser dos outros!!!




terça-feira, 7 de julho de 2015

MP autoriza empresas a reduzir salário e jornada de trabalho


O Programa de Proteção ao Emprego (PPE) vai permitir a redução temporária da jornada de trabalho e de salário em até 30%

Com o objetivo de evitar demissões dos trabalhadores por empresas em dificuldades financeiras, o governo federal criou, por meio de medida provisória (MP), o Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que vai permitir a redução temporária da jornada de trabalho e de salário em até 30%.

A MP foi assinada na tarde desta segunda-feira, 6, pela presidenta Dilma Rousseff, após encontro com ministros e representantes de centrais sindicais. Embora passe a valer imediatamente com força de lei, a proposta será analisada e precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional.
A medida prevê que a União complemente metade da perda salarial por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhador. O Programa valerá até o dia 31 de dezembro de 2016, e o período de adesão das empresas vai até o fim deste ano. Para definir quais setores e empresas estarão aptos a participar do PPE, o governo também criou um grupo interministerial que vai divulgar informações sobre os critérios, com base em indicadores econômicos e financeiros.
De acordo com o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, as empresas não poderão demitir nenhum funcionário durante o prazo de vigência do programa, proibição que será mantida por pelo menos mais dois meses após o fim da vigência.
As empresas poderão aderir ao programa por seis meses, prorrogáveis por mais seis. O anúncio foi feito no início da noite por Rossetto e outros dois ministros, ao lado de representantes de centrais sindicais, no Palácio do Planalto.
"É mais importante usar recursos públicos para manter o emprego do que para custear o desemprego. É um programa ganha-ganha, orientado claramente para manutenção do emprego em um período de crise", afirmou Rossetto, acrescentando que o programa é aberto para qualquer setor da economia que tenha redução de emprego e renda.